Sobre Ansiedade e as maneiras de Amenizar os Sintomas.

 
Sentir-se ansioso é uma experiência comum a todos nós, é um sinal de alarme do organismo frente aos acontecimentos da vida cotidiana. Estamos preparados biologicamente para identificar e agir em situação de perigo, ou de risco iminente. Para isso, nosso organismo dispara algumas sensações e alterações que possibilitem a fuga ou o enfrentamento dessas situações.
 
Apesar das manifestações de ansiedade serem comuns á nossos mecanismos de defesa biológicos, e inerentes ao ser – humano, é somente a partir do final do século XIX  que o termo passa a se popularizar, principalmente em decorrência dos estudos de Freud sobre as origens da ansiedade.
 
Podemos pensar em sua definição, a princípio, como um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto, originário da antecipação de um suposto perigo, de algo desconhecido ou que nos parece estranho. Esse sentimento pode vir acompanhado de sintomas físicos como: tensão muscular, taquicardia, insônia, sudorese, palidez, tremores, fadiga, dificuldade de concentração, entre outros sintomas.
 
Vivemos em uma sociedade que estimula a todo instante o sentimento de apreensão. Estamos a todo o momento, inquietos ou preocupados com algo, geralmente riscos físicos ou morais.  Além disso, há uma grande urgência e necessidade de mostrar desempenho, dominância, adequação. A cobrança é cada vez maior em: entregar trabalho, manter prazos e ser altamente eficaz em todas as situações do dia a dia.
 
O medo de não cumprir as expectativas sociais, sejam de sucesso financeiro ou profissional, nos leva a colocar em cheque constantemente o nosso valor. Precisamos validar as percepções que temos sobre nós, no olhar dos outros. Situação que gera por si só, fortes sentimentos de angustia e sofrimento. É quase uma necessidade controlar o ambiente, antecipar imprevistos e estar à frente do tempo.
 
Temos a urgência de controlar as situações, os relacionamentos, o trabalho os filhos. Imagine se pudéssemos saber o que o outro pensa, ou, o que acontecerá daqui a um minuto? Tornaríamos poderosos, e seria possível resolver absolutamente todas as coisas. Só que não! Ainda estaríamos longe de controlar o comportamento dos outros, mudar algumas realidades ou resolver todos os problemas do mundo. No entanto, todo esse nosso ideal de controle, vem de uma única necessidade: Evitar o sofrimento.
 
A ânsia por evitar o sofrimento, nos leva a uma desenfreada necessidade de antecipar o futuro e as situações, que por enquanto, só se realizaram em nossa imaginação. Temos anseio por estarmos protegidos de desconfortos, afrontas ou ataques do meio ambiente aos nossos desejos. O medo de sofrer, de não saber dar respostas, nos tornam impotentes frente ao direcionamento da nossa vida. Viver no futuro, nos rouba a possibilidade de reconhecermos o presente e sermos realistas com nossas dificuldades.
 
Muitas vezes, um quadro de ansiedade está diretamente relacionado a angustias que nem sempre nos damos conta: medo de perder o emprego, medo de perder o parceiro, não ser uma boa mãe, pai, ou filho, de não conseguir demonstrar sucesso financeiro á sociedade, entre outros. Por isso, é necessário pensar quais são as emoções por traz da cortina do desconforto.
 
A ansiedade pode também tornar-se patológica. Embora as questões citadas acima já demonstrem a existência de possíveis prejuízos sociais, físicos e mentais, podem ainda ocorrer à evolução dos sintomas, ou, caracterização de quadros específicos com sintomas mais agravados, como por exemplo: Ansiedade generalizada; Síndrome do pânico; Transtorno obsessivo-compulsivo; Fobias; Estresse pós-traumático. Nesse texto não vou descrever cada um deles, mas, caso queiram, podemos falar sobre cada um e o tratamento em outro artigo.
 
Portanto, quando observamos que existem significativos prejuízos da nossa vida social e pessoal, o ideal é procurar ajuda para identificar a intensidade e prevalência dos sintomas, sendo possível o quanto antes, uma orientação correta e direcionada. Dependendo do quadro de sintomas, além de acompanhamento psicoterapêutico, torna-se necessária avaliação médica e intervenção medicamentosa. Entretanto, vou deixar aqui algumas dicas simples, mas, muito eficazes no controle da ansiedade:
 
1)    Cultive um novo olhar frente aos problemas:
 
É importante reavaliar os problemas, observá-los de forma mais objetiva e se necessário solicitar a opinião de outra pessoa, sobre o que está acontecendo. Você precisa pensar: O problema é realmente do tamanho que você vê? Ou ele é um reflexo de um cenário negativo que você estabeleceu?  Até que ponto o problema é uma projeção dos seus medos e preocupações?
 
2)    Não deixe as preocupações no campo do pensamento, anote-as:
 
Independente da preocupação ou compromisso que vier a mente, normalmente não conseguimos resolve-los apenas pensando sobre eles. Alem de pensar, precisamos executar planos para solucionar problemas, por isso, anote-os! Delegue á agenda a função de guardar questões a serem resolvidas. Posteriormente, procure observar se é possível executar ações sobre o que foi escrito a fim de solucioná-las.
 
3)    Aceitar o que está fora do seu controle:
 
As sensações físicas e os sentimentos desagradáveis e até negativos, são naturais na vivência humana. Muitas situações não estão realmente dentro do nosso poder de controle. Então é necessário compreender que em alguns momentos sentimentos desagradáveis vão surgir, e não há problema nenhum nisso, ao contrário, servirá de base pra nossa adaptação e desenvolvimento emocional. Poucos eventos poderão efetivamente acabar com o mundo, e definitivamente muito do que acontece no seu dia a dia não possui esse poder.
 
4)    Realize exercícios de concentração:
 
Os exercícios de concentração podem ser super simples. Focar na tarefa que estamos executando já é um exercício. Muitas vezes, ao realizar qualquer tarefa a experiência mental está focada em uma serie de pensamentos relacionados com qualquer coisa, menos com a tarefa. Então concentrar-se na atividade, auxilia a te manter no aqui e agora, traz a pessoa pra realidade e barra pensamentos que tragam sensações desagradáveis.
 
5)    Canalize energia física e mental:
 
Algumas pessoas possuem muita energia, tanto física como mental. Quando essa energia não é devidamente canalizada, acaba por causar grande tensão, seja emocional ou física. Então faça exercícios se possível, ou desconte energia em algo, desde que o corpo esteja em movimento. Pode ser uma aula de dança, academia, caminhada, etc.
 
6)    Produza:
 
Produza algo que lhe traga gratificação. Produzir não está necessariamente associado á trabalho. Você pode produzir coisa que façam bem, artesanato, poesia, trabalho voluntário. Independente do que seja, deve ser algo que lhe traga o sentimento de gratificação. O objetivo não é recompensa pecuniária, mas, recompensa emocional.
 
 
7)    Procure não compensar a ansiedade com outras coisas:
 
Não compense ansiedade com comida, internet, Watsapp. Alguns alimentos podem contribuir como estimulantes frente a um quadro de ansiedade, por exemplo: chás, café, chocolate. Alguns alimentos, principalmente os calóricos, nos dão a sensação de felicidade, acabando por mascarar a situação por um curto período de tempo. Então, é necessário cuidar da alimentação, principalmente nos momentos mais críticos. Outra questão importante é a urgência e a importância da internet na nossa vida. Você não vai conseguir estabelecer a paz mundial conferindo o Facebook de cinco em cinco minutos, muito menos respondendo as mensagens do Watsapp no momento em que elas chegam. Esses costumes podem maquiar os sintomas da ansiedade, ela não deixará de existir, só ficara escondida por um tempo. Então cultive o exercício de ponderar o uso desses acessos ajudará bastante essencialmente na nossa necessidade de controlar o incontrolável.
 
Até a próxima.

Por: Bárbara M. Rodrigues
Psicologa Clínica

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