Os desejos de um novo ano, e as promessas de uma nova vida.


Você já parou por um instante para pensar como foi o seu ano? Acredito que muitas vezes. Um ano de muitos acontecimentos, realizações, sabores e dissabores. O declínio na economia, o número crescente de pessoas que perderam seus empregos, e outras tantas que iniciaram novos projetos. A sexta-feira foi eleita como a grande heroína da semana. Uma semana de cansaço, fadiga e exaustão. Mas, 2017 será diferente?

Ao chegar sexta feira, os ânimos se renovam, os bares lotam, a vida parece literalmente ganhar “vida”. E assim, as dores da semana, parecem se amenizar e até desaparecer quase que milagrosamente. Então chega a vilã segunda-feira, cheia de marra, de compromissos, rotina e desafios, e tudo recomeça.

O ano se apresenta como uma grande semana de doze meses, na qual Dezembro é a nossa grande e esperada heroína, sexta-feira. Ao chegar novembro já estamos exaustos, ansiosos e aflitos pela grande sexta feira do ano. Vamos arrastando os meses, que enquanto avançam, parecem mais cansativos e pesados.

Vai ficando cada vez mais forte a sensação de que precisamos descansar, nos entregar de corpo e alma as coisas boas que todo esse esforço anual, prometeram proporcionar: praia, viagens, encontros com os amigos, conhecer novos lugares, dormir até tarde ou, simplesmente respirar. Quando na verdade, não é do trabalho, do esforço, do dia a dia e das horas de entrega que precisamos descansar, mas, da sobrecarga de carregar nos ombros a realização dos sonhos impossíveis que carregamos.

O cansaço emocional pesa sobre os músculos que sucumbem, vem do esforço irrealista e da busca incontrolável por provar a nós mesmos que somos mais: felizes, superiores, bem sucedidos, divertidos e que conseguimos pagar as nossas contas como um “cidadão” que cumpre seus deveres e direitos. E bem no fundo, não tão fundo assim, nos deparamos com a frustração de ter ficado longe daquele sonho inicial.  E assim carregamos a responsabilidade de mantermos algumas mentiras que contamos a nós mesmos.

Na virada de um ano para outro, renovamos nossos votos de cumprir metas que nem sempre desejamos viver, na verdade, não questionamos se queremos ou desejamos, apenas renovamos. Ficamos tomados por demandas e exigências impossíveis, obrigados a nos enquadrar em demandas que não nos encaixamos, não queremos, mas devemos querer como quase uma obrigação.

Seríamos alienígenas se não fizéssemos isso, mas ao mesmo tempo, essas necessidades nascem de um sentimento de que não nos encaixamos, estamos fora, excluídos. Talvez não suportássemos a angustia de desconstruir nossas crenças. E assim iniciamos uma luta diária, a de cumprir nossas promessas: de ganhar um pouco mais; ter um emprego melhor; um corpo perfeito. Anseios que nos rouba emocionalmente um pouco a cada dia.

Será que realmente nos questionamos sobre nossos desejos de um novo ano? Quem sabe o maior desejo seja aliviar a pressão sobre os ombros, nos olharmos com os próprios olhos, estarmos inteiros, e apesar dos desafios, gostar do que vemos. No final das contas, queremos aquele sentimento de felicidade das sextas-feiras todos os dias. 

Talvez não seja a comodidade do dinheiro, da correria e do estresse, mas sim a leveza escondida que não vemos atrás de toda essa poeira. E você, começaria por onde?


Por: Bárbara M. Rodrigues
Psicóloga

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